Há exatamente 12 meses estava eu arrumando as malas do meu príncipe.
Era certo que ele iria para bem longe de mim, eu já sabia. Só não imaginava que após tanto tempo eu ainda fosse me lembrar de todos os instantes com a mesma intensidade e ternura.
As lágrimas que brotaram em meus olhos há exatamente 365 dias são as mesmas que permanecem até hoje.
Não me esqueci de nada. Tenho bem fresco em minha mente todas as recordações, do mesmo jeitinho, na mesma ordem e seqüência com que aconteceram.
As roupinhas no varal, outras na sacola. O último banho, a última troca de fraldas. O macacão azul listrado. Aquela cabecinha com pouquíssimos cabelos. Lembro-me ainda do sapatinho azul, que saia a todo tempo do pé, por ser número 17 e ele ainda calçava 16.
São lembranças, recordações.
Esta tudo fotografado e filmado em minha mente, claro que gravado em meu coração. A sandalha azul de palhaço que ficou caída no banco de traz. As meias, o jeans que ficou no porta malas junto com fraldas e mamadeiras. A chupeta que comprei com tanto entusiasmo e ele não gostou (essa guardo até hoje).
Lembro-me ainda da tolha azul de bichinhos que ficou molhada aqui. Foi a última vez que pude enxuga-lo. Após o último banho, não me esqueci do jeitinho que se deitou na cama para que eu pudesse troca-lo pela última vez. Rolando pela cama e sorrindo, brincando com a Giulia. Curtindo e tentando aproveitar ao máximo os últimos instantes.
Com sete meses, ainda cabia no bercinho de boneca que existe até hoje aqui em casa. A piscina de bolinhas que ele adorava também está aqui. Agora a Lalinha brinca, mas no momento está vazia. Aquela fralda de boca feia, que só usava no carro, acabou sendo entregue a avó. Não me esqueço do cobertorzinho que foi enrolado nas perninhas.
A cadeirinha do carro ainda esta regulada para o tamanho dele. Hoje a Lalinha usa, porém lembro-me perfeitamente a última vez que o coloquei lá, para ir com destino ao aeroporto. Uma fraldinha ao lado do rosto, pois ele queria dormir. Acordou cedo para ficarmos mais tempo juntos.
O penúltimo choro, está tão visível ainda, consigo escutar o som. Chorou na cadeira do carro antes de entrarmos na Rodovia Santos Dumont, depois arrancou um dos sapatos virou-se para o lado e dormiu até chegar no local onde a despedida seria concluída.
Aquele rostinho no retrovisor, sorrisos e choros. Uma bronca para ficar quietinho.
Incrível! Não faço forças para me lembrar de nada. Esta tudo em minha memória, como se tivesse sido hoje.
Finalmente, o momento em que avistei a avó e a mãezinha. As lágrimas já não mais obedeciam e se derramavam para fora dos olhos incontrolavelmente.
O último beijo, o último abraço. O último instante... A última frase: Matheus, eu te amo, prazer em conhece-lo. Te amo e te quero para sempre... Nunca se esqueça disso viu. Coloquei no colo da mãe, virei as costas e não olhei para traz até hoje.
O retorno para casa bem triste, com a cadeirinha vazia no carro. A casa vazia, silenciosa. Você fez falta menino eterno da mamãe. O tempo me permitiu acostumar viver sem você, mas não me fez esquecer nada.
Uma semana após ainda tenho a recordação de abrir o porta malas do carro e encontrar uma sacola de roupas que esquecemos de entregar, uma mamadeira, uma papinha, fralda. Tenho essas coisas guardadas até hoje, porém vou doa-las, não terei outro menino. Acredito que Matheus será o único.
Exatamente 1 ano que não o vejo mais, que não escuto suas risadas, nem seus choros. 365 dias, muito tempo não é?
O último choro esta gravado também. No momento em que o entreguei para a mãe e virei as costas. Ainda ouço a voz da Gabi me perguntando o que fazer para que o Matheus ficasse quieto. Não respondi nada, fiz que não a escutava, não olhei para traz e segui meu caminho...
Deus, agradeço por ter me presenteado com essa criança maravilhosa que transformou a minha vida em grandiosa alegria, e peço para que cuide dele, pois há 12 meses já não posso mais.
Vivo em paz, pois sei que ele está feliz, recebendo cuidados e amor, mas não deixe meu Deus, de continuar se fazendo presente na vida dele.
Deus trabalhe para que eu possa reencontra-lo, abraça-lo, beija-lo muitoooooooooooooooooo, como sempre fiz. Faça isso Deus, permita-me revê-lo, caso seja Sua Vontade. Amém!
Te amo Matheus e te quero como sempre, nada mudou, aguardo com ansiedade o dia preparado por Deus para que possamos nos reencontrar.
Para sempre o homenzinho da minha vida, o príncipe da minha princesa (lembra-se, foi assim que a Giulia o chamou no aniversário de 4 anos, em fevereiro de 2010), o Dr. Matheus (assim te chamavam as tias da escolinha).
Último beijo com a frase “eu te amo para sempre, não se esqueça nunca, nunca viu”. (29-04-2010 as 9:42 hs)
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Última foto, já no aerporto.
Dia 29-04-2010 ás 8:58hs |